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Como se desenvolve de fato um processo terapêutico efetivo?

Uma intervenção terapêutica eficaz tem como objetivo encontrar a causa raiz do problema que está oculto por trás das queixas conscientes do cliente. O problema raiz é de fato o responsável pela dor inconsciente que alimenta todos os sofrimentos conscientes que o cliente traz consigo.

Encontrar a causa raiz do problema e trabalhar nesse nível mais profundo é fator decisivo para o sucesso do processo terapêutico, caso contrário, o tratamento deixa de ser na causa e se torna apenas alívio de sintomas para ficar mais suportável por algum tempo.

Trabalhar de forma efetiva e com base na solução é necessário que haja um contrato entre terapeuta e cliente. Um acordo com o lado adulto do cliente ao perguntar: “Se eu encontrar algo que você PRECISA OUVIR, MAS NÃO VAI GOSTAR DE OUVIR, o que eu devo fazer: FALO OU NÃO FALO?”. Se o cliente concordar, entramos em um acordo onde estamos na postura de dois adultos para que o processo terapêutico se inicie.

Somete o lado adulto do cliente pode ver a realidade como ela de fato se apresenta e entrar no processo de resolução. Na maioria das vezes, a origem desses traumas ocorreu quando o cliente estava na sua infância e não teve adultos saudáveis capazes de identificar e ajudar.
De modo geral, os pais também carregam os mesmos traumas e isso os impede de ver e resolver os problemas que os filhos também carregam. É um tipo de herança doentia que está presente em quase todas as famílias.

Ao analisar o cliente é importante identificar a relação da mente com o corpo, ou seja, o grau de desconexão entre esses dois elementos, e dependendo do grau de desconexão há o aparecimento de um terreno fértil para se implantar as sementes de futuras doenças física, emocionais, mentais e espirituais. Nos casos de doenças graves ocorre a seguinte dinâmica: O corpo reclama sua dor e implora por ajuda, dá sinais, mas a mente não consegue ouvir e quer apenas se libertar desse incômodo para continuar sua “forma” doentia de viver.

A mente vive numa bolha de ilusão e o corpo fica em contato com a dor da realidade do trauma, o que Eckhart Tolle conceitua como o “corpo de dor”, que nada mais é, do que memórias de dores acumuladas e não vividas, à espera de um gatilho para vir à tona. Esse mecanismo de defesa em relação à dor ajudou a criança a sobreviver na infância. Só que essa proteção tem um prazo de validade. Tudo que foi escondido vai aparecer no futuro para que o lado adulto possa tirar sua própria criança do trauma.

Quando nos encontramos na posição de um ADULTO SAUDÁVEL, esse adulto se conecta com sua criança e faz o que é necessário para solucionar o trauma infantil e leva-la de volta para a vida com amor e segurança. Sai do processo de dor e vai em direção ao PRAZER da Vida. Isso é o que gera o sentimento de FELICIDADE e HARMONIA que todos almejam.

Do contrário, o adulto doentio, continuará a viver a dinâmica infantil dolorosa. Nessa dinâmica há três posturas voltadas ao passado:

1.O primeiro é manter o vínculo com seus pais e esperar e/ou cobrar que eles continuem cuidando dele, preso à esfera domiciliar.
2. O segundo é buscar nas relações do presente – amigos, cônjuges, filhos – o que seus pais não lhe deram, sempre em busca de reconhecimento e aprovação.
3. A terceira é se apegar ao problema e utilizá-lo para provar que ninguém será capaz de resolvê-lo. Projetam suas emoções e pensamentos negativos para qualquer pessoa que tente tirá-lo do papel de poder da doença. Tenta o tempo todo provar ao mundo que ninguém é capaz de cuidar dele. E tem razão, pois só o próprio indivíduo tem esse poder.

A realidade é que nenhuma delas soluciona o problema e mantém o cliente na PRISÃO DO TRAUMA INFANTIL.

Ao buscar uma ajuda profissional externa há uma série de questionamentos:

• O QUE O CLIENTE PROCURA NO ATENDIMENTO TERAPÊUTICO?
• QUE PARTE DELE QUER CURAR E QUE PARTE QUER SE MANTER NESSE LUGAR?
• QUE NÍVEIS DE PODER, GANHOS E PERDAS TÊM COM SEUS PROBLEMAS?
• QUE PREÇO TERÁ QUE PAGAR PARA SAIR DO DOENTIO CONHECIDO E IR PARA O SAUDÁVEL DESCONHECIDO?
• QUEM É O RESPONSÁVEL PELAS MUDANÇAS?
• QUAL É O PAPEL DO TERAPEUTA E DO CLIENTE?
• QUE TIPO DE TRATAMENTO DEVE SER FEITO: ALIVIAR SINTOMAS OU ELIMINAR A CAUSA?

Ao buscar um profissional para o autoconhecimento e autodesenvolvimento, muitos imaginam que haverá uma mágica salvadora que será capaz de mudar tudo para melhor sem precisar fazer qualquer transformação na forma de PENSAR, SENTIR E AGIR de si mesmos. Quando não tomam para si as responsabilidades, passam para o profissional e para os elementos do sistema o PODER DE CURA. Se não melhorar, é claro que essa responsabilidade é desviada para fora do cliente. Ao abrir mão do seu Poder de Cura, ele bloqueia o verdadeiro processo de transformação. Daí a importância de, sempre deixar claro para o cliente que o poder de cura está com ele e que o terapeuta o conduzirá a esse caminho.

Para Hipócrates, o Pai da Medicina, o papel do médico é ajudar o cliente a se curar. O VERDADEIRO PODER de cura está com a pessoa que se encontra doente. Mas, se o Terapeuta assumir esse poder, ele verá o cliente como incapaz e fará a lição de casa da criança. É assim que muitos processos terapêuticos se tornam uma armadilha que aprisionam o cliente numa RELAÇÃO de DEPENDENTE E CODEPENDENTE.

O trabalho terapêutico pode ser feito em dois campos: infantil e adulto. No primeiro o terapeuta vê o cliente como criança e se torna uma figura parental (mãe e/ou pai). O cliente é passivo e o terapeuta é o ativo e responsável. Aqui é a dinâmica descrita no parágrafo anterior. Na segunda o terapeuta e o cliente são ativos e trabalham juntos com o mesmo objetivo. A lição de casa deve ser feita pelo cliente e não pelo terapeuta. O profissional busca recursos internos e externos do cliente para que este possa aprender e solucionar por si mesmo. Aqui o CLIENTE SE TORNA FORTE, POTENTE E SÁBIO. Assim, cria mecanismos para evitar a repetição desse problema e avançar na evolução da sua Jornada de Vida.

Com frequência a vida doentia do cliente o leva para dois destinos terríveis: a MORTE E A LOUCURA. A DOENÇA É UM RECURSO PARA DESPERTAR O INDIVÍDUO PARA A REALIDADE. A doença tem o objetivo de SALVAR O DOENTE DE SUA MENTE DOENTIA. Por isso, o Terapeuta precisa escolher entre dois caminhos:

  1. Alinhar, ajustar e ajudar a remover aquilo que o adoece e que o está levando ao caminho para a morte ou a loucura. A destruição do seu próprio corpo e do prazer de viver é o resultado desse desalinhamento. Remover a desconexão mental que impede de tomar consciência da realidade.
  1. O preço aqui é a morte da mentalidade doentia e ganhar novos referenciais adequados para reencontrar o caminho natural para a Vida e vivenciar todos os prazeres que a Vida oferece a quem segue em sua direção.

A relação terapêutica tem muitas RESISTÊNCIAS e OBJEÇÕES. O mais importante não é o que o cliente vê, e sim o que ele não vê e que é responsável pela dor que carrega e que piora constantemente. Essa cegueira que ajudou a sobreviver no passado se torna a prisão do presente e compromete o futuro. Portanto, a função essencial do terapeuta é trazer à luz da consciência aquilo que o cliente ainda não consegue ver.

A MOTIVAÇÃO PARA BUSCAR A AJUDA NEM SEMPRE É AQUILO QUE A MAIORIA DAS PESSOAS ACREDITAM. Muitos já estão no ponto de mudar e outros ainda não estão com dor suficiente. Alguns até precisam dessa dor para poder controlar vários relacionamentos e encontram muitos ganhos ao permanecer com seus problemas.

Há TRÊS NÍVEIS DE INTENSIDADE DE REFERENCIAIS DOENTIOS que os clientes têm e que geram obstáculos para o sucesso da terapia:

  1. Opinião
  2. Crença
  3. Convicção

A opinião pode ser mudada diante de fatos novos ou diferentes do que o cliente traz.

A crença tem uma carga emocional importante e foi desenvolvida para explicar e justificar traumas infantis. Crio uma história e acredito nela para não ver a causa da dor real. Assim, o cliente se apega a essa interpretação e maximiza os fatos da vida que comprovem essa crença. Os fatos que poderiam destruir essas crenças são minimizados e desvalorizados.

A convicção se torna uma obsessão. A pessoa não permite que nada diferente do que ela acredita seja alterado por nada ou por ninguém. Forma um campo intransponível que impede a aproximação de tudo que é diferente daquilo que é a SUA REALIDADE. E, para manter sua bolha de ilusão, ataca qualquer coisa que identifique como uma ameaça à sua forma de Sentir, Pensar e Agir. São capazes de tomar diversas atitudes para manter distância e desqualificar qualquer coisa que possa destruir seu universo.

Entrar no universo mental e emocional do cliente é uma arte e não há uma fórmula mágica que sirva para todos os casos. Ao lidar com Crenças e Convicções Doentias não basta trazer fatos e informações. Isso pode ser útil para aqueles que ainda estão nas Opiniões e Crenças menos resistentes.

As pessoas que estão nas Crenças e Convicções sentem que se saírem dessas instâncias entrarão em uma dor insuportável e talvez até possam morrer. Por isso se apegam tanto a essas tábuas de salvação. Nestes casos há um caminho possível que é TRAZER DÚVIDAS para seus referenciais. Com arte, é possível implantar algumas informações importantes na mente deles e que ficará constantemente minando as várias certezas que foram cultivadas por muitos anos.

Quando essas sementes de realidade entram nesse campo mental do cliente e começam a crescer, ocorre um conflito que tem o grande objetivo de identificar e remover o vírus desse computador.

Nessa fase é comum ocorrer uma REAÇÃO DE DESQUALIFICAÇÃO que pode ser classificada em QUATRO NÍVEIS:

O profissional não é bom. Assim, tudo que sai dele não tem valor

O diagnóstico está errado. Se não dá para desqualificar o profissional, pode-se questionar o diagnóstico.

O tratamento está errado. Bom, o profissional e o diagnóstico podem estar certos, mas a conduta está errada.

Eu não consigo fazer isso. Aqui há a própria desqualificação. Se não der para desqualificar as três anteriores, só resta acreditar que não sou capaz de fazer o que precisa ser feito.

Quando ocorre qualquer nível de desqualificação é um sinal positivo de que algo está em movimento e que a medicação está começando a fazer efeito. Isso é muito bom para o cliente. A dinâmica doentia está reagindo para sobreviver, mas, progressivamente as dúvidas implantadas vão revelando a diferença do que é doentio e do que é saudável.

Georg Groddeck, o pai da Psicossomática moderna, diz que QUEM TEM MEDO DA DOENÇA E DA MORTE NÃO DEVERIA TRABALHAR COM ELAS. Se o próprio terapeuta traz crenças e convicções doentias, ele deveria se tratar primeiro para poder realmente ajudar seus clientes. UM TERAPEUTA SAUDÁVEL DEVE SER PARTE DA SOLUÇÃO E NÃO DO PROBLEMA DO CLIENTE.

Para ser um TERAPEUTA, primeiro ele precisa aprender a SER ADULTO. Assim, ele saberá:

  • Ter AMOR PRÓPRIO.
  • cuidar da sua própria criança.
  • Ser o Pai e a Mãe que sua criança precisa.
  • Aprender a falar SIM E NÃO.
  • Fazer o que precisa ser feito e tomar cuidado com aquilo que “quer”.
  • Orientar e harmonizar o Sentir, Pensar e Agir.
  • Aprender com os erros do Passado e tomar as melhores decisões no Presente para ter um Futuro melhor
  • Ter objetivos claros de Vida
  • Desenvolver segurança dentro de si mesmo
  • Ter CORAGEM para seguir em frente e AVANÇAR para as várias fases evolutivas de Vida
  • Formar Vínculos Saudáveis
  • REVERENCIAR AS LEIS NATURAIS DA VIDA.
  • COMO AJUDAR DE VERDADE QUEM O PROCURA.

Isso foi o que aprendi com todos meus mestres. Isso foi o que me ajudou profundamente a sair do meu próprio mundo doentio repleto de ilusões, crenças e convicções que tanto me destruíram e comprometeram meus relacionamentos familiares e profissionais. Isso me ensinou a Viver de uma forma mais saudável. Isso se tornou um propósito de vida.

Por fim uma história sobre ajuda:

Há uma história onde um viajante se depara com um homem que está sofrendo por ter um prego no seu pé e, ao seu lado, há um amigo sentado. O viajante indignado questiona esse amigo o porquê de não ajudar o sofredor. Aí esse amigo diz: Primeiro o pé e o prego são dele e cada vez que tentei tirar o prego ele me agrediu e disse que eu o estava machucando. Em segundo lugar ele já está com esse prego há muito tempo e está acostumado com ele e acredita que é impossível remover. E, por fim, a dor ainda não está tão intensa a ponto de mudar sua convicção e tomar uma atitude.

Referências:

ECKHART Tolle. (2007). Um mundo novo. O Despertar de uma Nova Consciência, São Paulo: Editora Sextante.

Groddeck, G. (2011). Estudos psicanalíticos sobre psicossomática São Paulo, SP: Perspectiva.

Palavras-chave:

Símbolo; linguagem; doença; psicossomática, terapia, psicanálise, autoconhecimento, autodesenvolvimento.

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